Em tudo ela estava, em absolutamente tudo.
Como o ar onipresente ela estava lá, deliciosamente em todos os lugares. Ia comigo – até quando não estava comigo – para o meio da floresta, junto com minha respiração ofegante. Seu sorriso de admiração ecoava sempre, maravilhosamente ingênuo como alguém que acredita na vida e no amor de uma maneira infantil.
Um dia por causa de duas moedas ela deixou de estar aqui. O caos, escondido nas nuances frias dos acordos cotidianos, o caos que espreita no desafio do autocontrole, este caos. Ele mostrou sua face e instalou-se.
Agora não há mais ela, ou pelo menos não fisicamente. Agora há o perfume na roupa, a lembrança na amiga holandesa – Alice -, que discretamente me lembrou que ela existiu por aqui. Alice apareceu sem aviso quando eu estava ocupado arrumando a casa, falou dela, falou de nós, falou da liberdade. Ouço Alice, sorrio e lembro.
Haviam planos e sonhos, e estes foram todos interrompidos. Séries e filmes por assistir, todos adiados ou cancelados.
Torço para que a vida a leve embora da mesma maneira que a trouxe: rápido. Quero apenas que Alice não apareça mais por aqui e não fale mais dela, quero que as lembranças se tornem distantes, como uma paisagem que contemplamos sem emoção. Quero que ela se torne uma pessoa estranha, que eu apenas sei o nome.
Quero, quero, quero. Na verdade mesmo quero apenas que ela volte aqui, pra nós.