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Atravessando o espelho

Hoje escrevo para Senua, a peregrina das terras altas que procurou redenção por meio do amor, e tentou manter sua promessa mesmo quando esta era impossível de ser cumprida, lutou até que sua última gota de vida a deixasse.

Senua, a menina de corpo frágil e mente forte. 

“Nesse pesadelo acordado, onde todos os sonhos se tornam realidade, você procurou o controle. Procurou uma maneira de atravessar os dois mundos e continuar seguindo em frente.

Quando você estava apaixonada ele a deixou em lágrimas. Você tentou em vão por tantas vezes sufocar seus rompantes de fúria e apaziguar seus medos. Mas na escuridão – sem que vocês pudessem se defender – aquelas sombrias figuras de corpo esguio vieram atrás dele, nevegaram pelos mares tempestuosos e negros, invadiram as margens e chegaram até vocês.

Você ainda ouve os gritos dele? Agora que você está em casa e ele está tão longe, sua alma foi levada por deuses para os quais você não pode orar. Eu sei que eles até podem quebrar você Senua, mas nunca sua promessa. Nem mesmo a morte vai separá-los e a despeito desta escuridão você por certo o encontrará, porque em sua espada ainda bate um coração.

Você lutou com todas as forças por um amor intocado. Lutou contra sua escuridão interior e pelos seus sonhos, mas agora não há como vencer. Na cabeça do corpo vazio dele, está o assento de sua alma, Senua.”

Fabricio